SANTA CLARA, nascida em Assis, na Itália, nos últimos anos do século XII, foi conquistada para Cristo, pela pregação de São Francisco. Juntamente com ele, fundou, aos 28 de março de 1212, a ORDEM DAS IRMÃS POBRES, denominada em 1263 – 10 anos após sua morte – por bula do Papa Urbano IV, ORDEM DE SANTA CLARA OU POBRES CLARISSAS.
Sua Regra é “VIVER O EVANGELHO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO”. Considerando que há outras riquezas além das convencionalmente nomeadas e que não se pode chegar ao amor de Cristo sem o despojamento de tudo aquilo que O esconde aos nossos olhos, SANTA CLARA quer para suas filhas, principalmente a pobreza, característica de sua Ordem. A Clarissa, ao professar, deve renunciar a todos os seus bens, para viver somente do seu trabalho e de donativos espontâneos, confiando totalmente no Pai. SANTA CLARA instituiu para suas filhas, uma vida litúrgica intensa, prescrevendo-lhes a salmodia do Ofício Divino, transformando-as, dia e noite, diante de Deus, na voz perpétua daqueles que “não podem, não sabem ou não querem rezar”.
Seu amor pelo Cristo na Eucaristia levou-a a passar longas horas diante do Tabernáculo e a ocupar-se na confecção de toalhas para os Altares das Igrejas pobres. Com suas orações, CLARA obteve, por duas vezes, do Cristo Eucarístico, a graça de que o seu convento de Assis, ameaçado pelas hordas sarracenas, fosse miraculosamente libertado. A seu exemplo, as Clarissas cultivam a devoção Eucarística, revezando-se em adoração ao Santíssimo Sacramento, exposto, diariamente em seus Mosteiros, ao menos em determinadas horas. Ela somente separa do mundo as suas filhas, pela clausura, para conservar o seu pensamento centralizado nas necessidades espirituais da humanidade. Preocupadas com a salvação de seus irmãos, as Clarissas aspiram ganhá-los todos para Cristo. O Mosteiro é muito procurado por pessoas de todas as condições e idade que vêm se recomendar às orações das monjas, ou procurar uma palavra de orientação e conforto em seus problemas.
No seu tempo, atormentado como o nosso pelas guerras e pelo amor às riquezas, SANTA CLARA DE ASSIS foi a encarnação da paz e da alegria, frutos do desapego de tudo o que é passageiro. Antes de sua morte, aos 11 de agosto de 1253, já havia 100 Mosteiros de sua Ordem, em nove países da Europa. Suas filhas, em número de 21.000 aproximadamente, continuam a sua missão silenciosa e escondida nos 1.000 Mosteiros espalhados pelos cinco Continentes do mundo.
Além de muitas Irmãs, cuja fama da santidade percorre o mundo, a ORDEM DE SANTA CLARA conta com 25 Bem-aventuradas oficialmente reconhecidas pela Igreja e 9 Santas. São elas: a grande Fundadora, SANTA CLARA, Santa Inês de Assis (Irmã de SANTA CLARA), Santa Coleta, Santa Inês de Praga (Padroeira da Tchecoslováquia), Santa Catarina de Bolonha, Santa Verônica Giuliani, Santa Eustóquia Esmeralda, Santa Camila Batista e Santa Cunegundes, canonizada recentemente pelo nosso Santo Padre João Paulo II.
As Clarissas foram as primeiras religiosas a se estabelecerem no Brasil, solicitadas pela Câmara, nobreza e povo da Bahia. Aos 9 de maio de 1677 chegaram de Évora (Portugal) as 4 monjas fundadoras do Imperial Mosteiro de Santa Clara do Desterro. Com o deplorável aviso do Ministério da Justiça de 19 de maio de 1855, que fechou em todo o território nacional os noviciados das casas religiosas, a comunidade foi-se extinguindo. Aos 6 de março de 1915 falecia a última Clarissa do Desterro, com 84 anos de idade. Por 13 anos no Brasil não havia nenhum Mosteiro Clariano, até que em 1928, com a chegada ao Rio de Janeiro de 8 filhas de SANTA CLARA, procedentes do Mosteiro de Düsseldorf (Alemanha), refloresceu o velho tronco. A vitalidade da Ordem se afirma hoje, em nossa Pátria, através dos 20 Mosteiros, localizados em diversos pontos do país. Em todos os Mosteiros, em média, as comunidades se dedicam 7 a 8 horas à oração. Todos os Mosteiros se mantém pelo seu próprio trabalho e por esmolas dadas espontaneamente. Confecção de hóstias, paramentos, círios pascais, velas, imagens, cartões, artesanato, etc.
Para encerrar, vêm a propósito as paternais e comoventes palavras do nosso querido Pontífice João Paulo II às Clarissas do Protomonastero di SANTA CHIARA, quando da sua visita à Assis:
“Convido-as a rezar e é meu desejo que repitam em nossa época o milagre de São Francisco e de SANTA CLARA. Porque a moça, a jovem, a mulher contemporânea deve se encontrar neste esplêndido carisma; certamente escondido, realmente privado de exterioridades aparentes, mas quão profundo, quão feminino! Uma verdadeira esposa! Capaz de amor pleno e irrevogável para com um esposo invisível. É verdade que é invisível, mas, como é visível! Entre todos os esposos possíveis do mundo, é certo que Cristo é o Esposo mais visível de todos os visíveis; é sempre visível, mas permanece invisível e visível na alma consagrada a Deus. Não sabeis vós, escondidas, desconhecidas, quanto sois importantes para a vida da Igreja: quantos problemas, quantas coisas dependem de vós. É necessário a redescoberta daquele carisma, daquela vocação. Faz-se mister a redescoberta da legenda divina de Francisco e CLARA.”
Bênção de Santa Clara
O senhor Todo-Poderoso vos abençoe;
volte para vós os Seus olhos misericordiosos,
e vos dê a Sua paz! Amém.
Derrame sobre vós as Suas graças em abundância,
e no céu vos coloque entre os Seus santos! Amém.
Que o Senhor esteja sempre convosco,
e que vós estejais sempre com Ele! Amém.