Muitos são chamados

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

 

O mês de agosto é o mês das vocações, especialmente as sacerdotais, porque nele se celebra o dia do padre, dia de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, patrono dos párocos e modelo para todos os padres do mundo. Vocação vem do latim “vocare”, chamar. A vocação sacerdotal é um chamado de Deus para a vida no sacerdócio, cujo carisma especial é a dedicação ao ministério do culto divino e da salvação das almas.

Na Missa com os Bispos, sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral do Rio, durante a JMJ, o Papa Francisco nos lembrou as palavras de Jesus: “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi” (Jo 15,16).  E nos advertiu: “Não é a criatividade, por mais pastoral que seja, não são os encontros ou os planejamentos que garantem os frutos, embora ajudem e muito, mas o que garante o fruto é sermos fiéis a Jesus, que nos diz com insistência: ‘Permanecei em mim, como eu permaneço em vós’ (Jo 15,4)”.

Mas na Igreja e no mundo há muitas vocações. É um chamado de Deus para uma vida mais santa. Assim, tendo correspondido ao chamado de Deus para uma vida melhor, temos santos em todas as condições e profissões.

Temos santos ricos, como São Luís, Rei da França, casado, que, mesmo no meio das regalias dos palácios, soube cultivar o espírito de pobreza e grande santidade. Santos de posição nobre, como São Tomás Morus, casado, advogado e chanceler da Inglaterra. Santas esposas, como Santa Rita de Cássia, Santa Isabel de Portugal; santas mães, como Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho. Santos pobres, como São José Bento Labre, mendigo voluntário. Lavradores, como Santo Isidro. Médicos, como São José Moscati. Advogados, como Santo Ivo, Santo Afonso, São Fidélis. E muitos santos religiosos e religiosas, como São João da Cruz, Santo Inácio, Santa Teresinha, etc. Santos sacerdotes diocesanos, como São João Bosco, São Pio X, e, o patrono, São João Maria Vianney. E muitíssimos outros.

Santas virgens, viúvas, confessores, doutores, mártires, crianças, jovens, adultos e idosos. Santos que foram sempre inocentes em sua vida e santos que foram grandes pecadores. Como dizia São João Maria Vianney: “os santos, nem todos começaram bem, mas todos terminaram bem”. E é o que mais importa: terminar bem a nossa vida, na graça e no amor de Deus, apesar das nossas misérias e fraquezas, confiando na misericórdia divina.

O Concílio sublinhou uma verdade da Tradição da Igreja: a vocação universal à santidade: “O Senhor Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição que fossem, a santidade de vida, de que ele próprio é autor e consumador… Todos os fiéis, seja qual for o seu estado ou classe, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade…, são convidados e obrigados a tender para a santidade e perfeição do próprio estado… ‘Os que se servem deste mundo, não se detenham nele, pois passa a figura deste mundo’ (1 Cor 7,31)” (Lumen Gentium, V).

 

Fonte: http://www.cnbb.org.br/muitos-sao-chamados/#