Acolher Jesus Cristo, que se dá todos os dias na Eucaristia por nós, é fazer como São Francisco a experiência de um Deus que caminha conosco e não nos deixa em nenhum momento, como Ele mesmo nos diz: “Eis que estou convosco até a consumação dos séculos.”(Mt 28,20)
A Eucaristia demonstra o gesto de um Deus apaixonado pelo ser humano capaz de diariamente dar-se por amor a ele.
O amor de Deus é um amor que convoca o ser humano a abrir-se para a graça de Deus. Tal abertura compreende vermos a Deus no espírito como nos ensina São João: “o Pai não pode ser visto senão no espírito, porque o espírito é que vivifica, a carne de nada serve.” (Jo 6, 64)
Ver Deus em espírito significa assumir a mesma atitude de Jesus Cristo que todo dia se dá no pão e no vinho. Atitude de simplicidade e humildade que nos deixa estarrecidos diante de tão grande mistério de amor. Jesus nos mostra que Deus é simples, humilde e pobre. É esta face de Deus revelada em Jesus Cristo que São Francisco se apaixona completamente e não quer em nenhum instante deixar de ser um simples servo do Senhor. Pois compreende que a atitude de ver no espírito está em construir com Cristo a experiência de ver o Pai através da abertura para o outro em gestos de amor, fraternidade, compaixão, misericórdia e esperança.
Deste modo, somos interpelados por São Francisco a abrir-nos ao espírito do Senhor e assumir a postura de discípulos. É um convite a fazer-nos a experiência originária de vermos no Corpo e Sangue, o Senhor, em sua total doação pelo ser humano. Doação que leva o ser humano entrar na mais profunda sintonia com o mistério que se revela na simplicidade do pão e do vinho.
Reflexão:
- Será que somos capazes de deixar-nos guiar pelo espírito do Senhor e o seu santo modo de operar?
- Compreendemos como São Francisco que o bem, a gratuidade, o perdão, a doação de si, a solidariedade, a coragem no sofrimento é acolhida da graça de Deus? E que acolher a graça de Deus é ver a coisa em si mesma sem subterfúgios do próprio eu?