A Devoção Franciscana pelo Santíssimo Corpo do Senhor

“Diante do Deus-Amor, tão apaixonado por nós, seus filhos, Francisco não cessa de conclamar-nos para que imitemos a Jesus e reconheçamos a boa ventura de sua Encarnação-Paixão e Morte de Cruz que Ele nos mereceu.”
(Fontes Franciscanas – tradutores)

A Eucaristia é para os franciscanos uma das três grandes devoções deixada por São Francisco de Assis. Nela São Francisco deixou para a Igreja e para a Ordem Franciscana a experiência viva de comunhão com a Santíssima Trindade. No qual, acolher Jesus Cristo e sua mensagem é acolher o Pai e o Espírito Santo. “Diz o Senhor Jesus a seus discípulos: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim. Se me conhecêsseis, certamente conheceríeis também meu Pai: e em verdade O conheceis bastante e O vistes.” (Jo 14, 6-7)
Acolher Jesus Cristo, que se dá todos os dias na Eucaristia por nós, é fazer como São Francisco a experiência de um Deus que caminha conosco e não nos deixa em nenhum momento, como Ele mesmo nos diz: “Eis que estou convosco até a consumação dos séculos.”(Mt 28,20)
A Eucaristia demonstra o gesto de um Deus apaixonado pelo ser humano capaz de diariamente dar-se por amor a ele.

O amor de Deus é um amor que convoca o ser humano a abrir-se para a graça de Deus. Tal abertura compreende vermos a Deus no espírito como nos ensina São João: “o Pai não pode ser visto senão no espírito, porque o espírito é que vivifica, a carne de nada serve.” (Jo 6, 64)
Ver Deus em espírito significa assumir a mesma atitude de Jesus Cristo que todo dia se dá no pão e no vinho. Atitude de simplicidade e humildade que nos deixa estarrecidos diante de tão grande mistério de amor. Jesus nos mostra que Deus é simples, humilde e pobre. É esta face de Deus revelada em Jesus Cristo que São Francisco se apaixona completamente e não quer em nenhum instante deixar de ser um simples servo do Senhor. Pois compreende que a atitude de ver no espírito está em construir com Cristo a experiência de ver o Pai através da abertura para o outro em gestos de amor, fraternidade, compaixão, misericórdia e esperança.
Deste modo, somos interpelados por São Francisco a abrir-nos ao espírito do Senhor e assumir a postura de discípulos. É um convite a fazer-nos a experiência originária de vermos no Corpo e Sangue, o Senhor,  em sua total doação pelo ser humano. Doação que leva o ser humano entrar na mais profunda sintonia com o mistério que se revela na simplicidade do pão e do vinho.

Reflexão:

  • Será que somos capazes de deixar-nos guiar pelo espírito do Senhor e o seu santo modo de operar?
  • Compreendemos como São Francisco que o bem, a gratuidade, o perdão, a doação de si, a solidariedade, a coragem no sofrimento é acolhida da graça de Deus? E que acolher a graça de Deus é ver a coisa  em si mesma sem subterfúgios do próprio eu?