Saudações de Páscoa do Ministro Geral
9 de abril de 2022
Queridos irmãos: É Páscoa, quando Cristo rompe as cadeias da morte e ressuscita triunfante da sepultura (cf. Exultet). É a Páscoa do Senhor; é a verdade última da criação. O Ressuscitado tem o poder de lançar luz sobre as contradições e angústias dentro de nós e superar os grandes abismos que cortam nossa história hoje. De fato, o mundo parece continuar dando espaço a situações inspiradas pelo mal; situações cujo impacto atinge primeiro e mais duramente as pessoas mais fracas: os povos subjugados, as pessoas cujas nações são empurradas para a guerra pelas ambições de algum invasor poderoso, as pessoas que são forçadas à emigração e ao exílio, as pessoas que sofrem com a proliferação de guerras étnicas e civis, muitas vezes fomentadas por traficantes de armas, as pessoas afetadas por lideranças corruptas, as pessoas cujos países são econômica e culturalmente dominados por outros, as crianças privadas de seu futuro, as pessoas que os outros consideram “inúteis”, os indefesos que são abatidos sem piedade, e assim por diante. Não deve surpreender que o mal faça parte do grande mistério da vida e faça parte do coração humano. No entanto, Maria Imaculada, a nova Eva, esmagou a cabeça vil do Maligno; e Jesus, o Cristo, o derrotou para sempre. O Senhor ressuscitado fechou as portas do abismo e abriu as portas da Nova Jerusalém. Ele é o novo Homem nos comunicando sua nova humanidade. Perguntemo-nos então como podemos responder a tal graça. De fato, deixar-se habitar pela novidade do Ressuscitado não nos impede de nos fazer perguntas, mas nos encoraja a fazê-las e a escolher as “situações” ou “posições” mais franciscanas possíveis. Concretamente, afirmo e reproponho as atitudes e opções que já vejo presentes em nossa Ordem, a saber: acolher, do fundo do coração, a Paz Messiânica, a Paz oferecida pelo Ressuscitado; fazer de nossas comunidades lugares brilhantes de justiça e paz; orar do fundo do coração com fé sincera; deixando-se transbordar de generosidade, dando-se gratuitamente de nós mesmos, ungidos pela misericórdia do Pai; escolhendo ser um lugar de visão profética, uma alternativa à violência de qualquer tipo; fazer de nossas comunidades e missões lugares onde vive o Evangelho; identificando-nos com os derrotados, os deslocados, os sedentos de justiça e de paz e tomando o seu partido.
Em tempos difíceis, não se trata de nos salvar, mas de nos oferecer ao Salvador, de dar testemunho dele através da transparência de nossas vidas e ações. Parafraseando um certo filósofo, proponho que nos perguntemos sempre: “Como podemos ser poetas em tempos de miséria?” Agradeço de coração os gestos de solidariedade de toda a Ordem, e de muitos leigos, para com nossos frades na Ucrânia e as pessoas afetadas pela guerra. Convido todos os frades a permanecerem no amor de Cristo, um amor crucificado, que nasce na esperança. Feliz Páscoa!
Roma, Páscoa 2022
Frei Carlos A. TROVARELLI Ministro Geral
