Ordem dos Frades Menores Conventuais

Destaques, Formação › 06/12/2020

ADVENTO: ESPERA VIGILANTE

]Celebrar o tempo do Advento é viver na expectativa da manifestação gloriosa de Jesus como memória, presença e espera[1]. O que esperamos não é a vinda do Messias. Jesus já se encarnou na história dos homens e de toda a criação há mais de dois mil anos. O esperamos é sua manifestação gloriosa ao mundo. O Profeta Isaías neste primeiro domingo do advento recorda-nos o quanto é fundamental viver fazendo memória daquilo que Deus é. Ao recordar e tornar presente a pessoa de Deus em nosso meio passamos a descobrir o quanto ainda estamos rodeados de muitas realidades completamente contrárias a proposta de Jesus. Todavia, trazer Deus ao coração nos faz esperar, com entusiasmo e alegria, a ação de Deus. Gritar a Deus que cuida, ama e zela pelos seus filhos é uma necessidade do coração do homem.[2] A oração do Profeta Isaías (Is 63, 16b-17. 19b; 64,2b-7), conhecida como Pai Nosso do Antigo testamento, abre-nos para Deus ao recordar-nos a consciência de sermos filhos chamados a perseguir um caminho discipular como Jesus. O Profeta Isaías ao fazer a oração sabia o quanto o povo de Israel estava mergulhado em seus pecados e por isso Deus havia entregado seu povo as suas más ações. Pelo pecado o povo andava longe de Deus e de sua vontade. O pecado havia rompido o laço tão estreito entre Deus e seu povo. A vontade de Deus não era mais a meta dos corações dos homens. Tais atitudes vão conduzir o povo a Ruína. Mas o grito do Profeta é ouvido por Deus que se compadece e vem ao encontro do seu povo destruído, machucado, despedaçado e arruinado. Mas mesmo assim, Deus vem. Para que Deus pudesse transformar o povo de Israel em povo da aliança é fundamental que se coloquem com confiança, fidelidade e esperança nas mãos de Deus. É preciso então deixar-se modelar por Deus. Quem assim viver vai ver a vida ressurgir, deixando para trás a vida de pecado. A metanoia, a conversão, a mudança de direção é fundamental para viver os caminhos do Senhor e poder contemplar a sua face e experimentar o quanto é Ele nosso salvador e pastor,  nosso libertador e amor. Para que este caminho de uma nova vida se efetive é fundamental, neste tempo do Advento, estar desperto para o exercício da vigilância como um olhar atento de um guarda.  Vigiar é manter-se longe da dispersão para transformar o existir num acontecer responsável, dinâmico e criativo; é viver comprometido com as realidades que nos cercam e com nossa própria maturação no qual o bem e a verdade de Deus devem ser as estrelas guias do caminho discipular. Vigiar está longe de qualquer sensação de medo e insegurança. Vigiar neste tempo de preparação para a vinda do Senhor é dispor-se para mais e mais concretizar os planos do Senhor de que todos sejam felizes em plenitude. Neste tempo que agora vivemos o que importa não é tanto saber que dia ou que horas virá o Senhor. O ponto focal é saber como temos vivido a espera: empenhamos-nos em fazer da nossa história uma história de amor? Ou estamos com os braços cruzados, guardando o nosso talento com medo de Deus?  Como temos esperado a vinda do Senhor? Recordemo-nos que o Advento que hoje celebramos e fazemos memória nos remetem para a segunda vinda de Jesus. Hoje vivemos o tempo da Graça, o Kairós. Jesus já ressuscitou e deu-nos a vida! Agora estamos entre a ressurreição e a última vinda de Jesus. Cabe-nos somente aproveitar com sabedoria dos dons de Deus para colocar em prática seus ensinamentos. Quem assim vive está vigilante e atento para não se deixar desviar do caminho pelos pecados e dificuldades.

            A espera do Cristão é permeada pela alegria, esperança e paciência em comunhão com Cristo. Cada batizado está inserido na história e, desta forma, participa ativamente em suas transformações e desenvolvimentos. Todavia, o olhar, a mente e o coração do cristão transcendem as realidades temporais e as ressignifica em Deus.[3] Por isso, o Natal e a vida precisam ir além de presentes, bem estar social, conforto, sucesso, beleza e dinheiro. Viver o advento é aprender a ressignificar nossa existência na luta pelo bem comum, pelo exercício da solidariedade, pela prática da caridade e pelo amor fraterno. É na Eucaristia, celebrada todos os dias, que Deus nos visita e nos chama a sermos um com Ele.  Que o Advento seja para todos nós um tempo de memória, alegria e esperança.  “Vamos começar a servir a Deus, meus irmãos, porque até agora fizemos pouco ou nada” (São Francisco de Assis) [4]

Frei Willian Gomes Mendonça, OFMConv.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

– CANTALAMESSA, Raniero. O verbo se fez carne: reflexão sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C. Editora Ave-Maria, 2012.

– FASSINI, Frei Dorvalino OFM e FERNANDES, Marcos Aurélio. Domingos com São Francisco de Assis. Editora Evangraf, Porto Alegre, 2020.


[1] CANTALAMESSA, Raniero. O verbo se fez carne: reflexão sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C. Editora Ave-Maria, 2012.

[2] FASSINI, Frei Dorvalino OFM e FERNANDES, Marcos Aurélio. Domingos com São Francisco de Assis. Editora Evangraf, Porto Alegre, 2020.

[3] CANTALAMESSA, Raniero. O verbo se fez carne: reflexão sobre a Palavra de Deus – Anos A, B, C. Editora Ave-Maria, 2012.

[4] 1 Cel 103. Fontes Franciscanas.

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