Ordem dos Frades Menores Conventuais

A Experiência de Formação Interjurisdicional como Caminho à Unidade

“Os irmãos, em toda a parte e quando se encontram, mostrem-se familiares uns aos outros”. (RB 6, 8)

Em tempos em que se trabalha para uma nova formulação das Constituições da Ordem dos Frades Menores Conventuais, existe um grande esforço para a unificação das Casas de Formação tornando-as Casas de Formação comuns e o espírito de pertença a uma Ordem, e não a uma jurisdição específica. Isto é bem enfatizado por nosso atual Ministro Geral Frei Marco Tasca. As jurisdições que compõem a FALC (Federação dos Frades Menores Conventuais da América Latina e Caribe) estão caminhando por esta via, haja vista que em nossa realidade brasileira temos um Noviciado em comum na cidade de Caçapava-SP (pertencente à Província São Francisco – São Paulo) que acolhe noviços de todas as jurisdições do Brasil e atualmente também da Venezuela. Oficialmente ainda não é um noviciado de nível interjurisdicional, mas tudo se encaminha para que em fevereiro de 2019, isso ocorra. Assim haverá, a partir de fevereiro de 2019, dois noviciados comuns a nível FALC, um em Medellín na Colômbia e outro em Caçapava em São Paulo. Criando assim uma comissão de formação a nível FALC com um Diretrório de Formação comum para o noviciado.
Hodiernamente também há a experiência do pós-noviciado em comum dos pós-noviços da Custódia Imaculada Conceição do Rio de Janeiro na Província São Maximiliano Mª Kolbe – Brasília; para fazerem o Curso de Teologia. Tendo em vista que o ISB (Instituto São Boaventura) é um Instituto da Ordem coligado ao Seráfico de Roma, essa experiência é uma ótima forma de valorização daquilo que é próprio da Ordem. Também há na Província São Maximiliano Mª Kolbe o Curso de Inverno, uma intuição provinda da UCOB (União dos Conventuais do Brasil), onde todos os frades de votos temporários de todas as jurisdições brasileiras se reúnem para quinze dias de aprofundamento nos estudos sobre o franciscanismo.
Essas experiências de formação interjurisdicionais são enriquecedoras para os formandos que entram em contato com os confrades de outros lugares do Brasil e de fora do Brasil, possibilitam o contato com outras culturas, outras línguas e sotaques, com formas variadas de formação e de compreensão do franciscanismo, e um conhecimento maior da realidade da Ordem dentro do paíse fora do mesmo. Destarte, os formandos deixam de ser meros desconhecidos para se tornarem verdadeiramente Irmãos. São Francisco em sua Regra Bulada diz: “Os irmãos, em toda parte e onde se encontrarem, mostrem-se familiares uns aos outros”. (RB 6, 8). O carisma franciscano é tão rico em espiritualidade que nos aproxima sempre uns dos outros e quando os frades se encontram, mesmo que seja pela primeira vez, é como se já se conhecessem há muito tempo. Os frades podem ser de jurisdições diferentes, países diferentes, culturas diferentes, línguas diferentes, mas há algo em comum entre eles, o CHAMADO À VOCAÇÃO FRANCISCANA CONVENTUAL.
A pesar de todas as diferenças, a vocação em comum faz com que os frades nutram entre si o amor e a diligência de irmãos espirituais cuidando uns dos outros cada qual a seu modo. Não importa qual seja a jurisdição, a língua, a cultura, o modo como se forma, o objetivo é sempre o mesmo e deve se dar a maior atenção às palavras do próprio Seráfico Pai São Francisco: “Em nome do Senhor! Rogo a todos os irmãos que aprendam bem o teor e o sentido dessas coisas escritas nesta vida para a salvação da nossa alma. E suplico a Deus que Ele, Onipotente, Trino e Uno, abençoe a todos aqueles que ensinam, aprendem, guardam, recordam e praticam essas coisas; sempre que eles repetem e fazem essas coisas aí escritas para a salvação da nossa alma”. (RnB 24, 1-2) Todo o esforço para uma unificação das Casas de Formação visa uma melhor relação entre os frades e o espírito de pertença à Ordem, uma melhor e mais ampla compreensão da Regra de vida, uma melhor convivência e trocas de experiências, a fim de que os irmãos possam estar tão familiarizados que possam manifestar uns aos outros, com confiança, suas necessidades (Cf. RB 6,9). E possam assim encontrar sempre misericórdia e compaixão. Para a glória do Senhor, amém!
 Frei Ricardo Elvis, OFMConv. (Estudante de Teologia no ISB – Brasília)

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